domingo, 3 de abril de 2011

Show Ozzy Osbourne - São Paulo 2011

São Paulo, 02/04/2011 - 21:30

Essa noite ficará marcada na vida de muitos amantes do bom e velho rock n' roll como "ritualística-espiritual".
Nem mais nem menos que Ozzy Osbourne, ou só Ozzy mesmo para quem curte, faz um show de arrancar lágrimas e arrepiar.
Tudo começou com uma grata surpresa com a banda de abertura: Sepultura; embora não mais com a pegada das antigas fez jus ao título de maior banda de metal brasileira tocando clássicos como "Territory", "Inner Self" entre outras pedradas. Uma bandeira estrategicamete colocada ao fundo do palco com o logo da banda e abaixo o ano de 1984 remetiam ao ínicio lá na década de 80, mas da formação clássica só restaram Andreas Kisser com sua guitarra esmagadora e Paulo Jr. no baixo. Derick no vocal e Jean Dolabella na bateria mandaram bem.
Lata de Heineken a R$6,00 e lanches a R$8,00 escancaravam a realidade dos produtores brasileiros: aproveitadores e sacanas; isso a parte não rolou treta nem problemas na fila bem como na entrada e saída.

O Espetáculo
Exatamente às 21:30 eis que surge do palco escuro o príncipe das trevas dando início a um show transcendental. A primeira foi "Bark at the Moon", do disco de mesmo nome de 1983 e logo na sequência "Let me Hear Your Scream" do último cd de 2010.
Com "Mr. Crowley" o sambódromo virou um mar de gente pulando, a galera que ali estava curtia cada segundo, vibrava e respondia às intimadas que Ozzy dava  em inglês; o pessoal da VIP ainda pode se esbaldar com espumas atiradas de uma mangueira no palco que vez ou outra Ozzy pegava e mandava e ainda balde cheios de água.
A nova formação veio com Gus G na guitarra, Rob “Blasko” Nicholson (baixo), Tommy Clufetos (bateria) e Adam Wakeman no teclado; como sempre, virtuosos músicos acompanhando o mestre.

Ainda rolou clássicos como "Fairies Wear Boots" e "Suicide Solution".
Quando chegou a hora da "Road to Nowhere" caia uma chuva providencial, que Ozzy mandou "se foder" pra lavar a alma! Ouvi-a se o coro em uníssono de 30 mil vozes cantando a letra e a água caia no rosto como que se fosse um presente dos céus enviado à Terra. Foi lindo!
Emocionante ver aquilo, presenciar aquela energia que era passada de um para outro como que por "Ozzmosis". Via-se lágrimas correndo nos rostos já molhados por aquela chuva abençoada - inclusive nos rosto deste que vos escreve - e um sorriso sincero e ímpar pra cada lado que se olhava.
Ritualístico, espiritual, xamânico, visceral... difícil encontrar adjetivos para o que aconteceu naquele momento,
foi mágico e ainda mais que se possa escrever e imaginar!

No meio da "Iron Man", alguém jogou um morcego no palco e o Madman nem pensou e o abocanhou como na cena clássica nos anos 80 em que mordeu um de verdade, mas esse era de mentira.
A sensação de felicidade era visível quando se via adolescentes de 12, 13 anos com faixas na cabeça e  acompanhados pelos pais, gritando e pulando como se estivessem dizendo: "Calma, uma nova geração do rock está crescendo, essas merdas de hoje em dia estão no fim!"
O set oficial fecharia com a gargalhada sarcástica de "Crazy Train" e com tudo isso eu já me contentaria e voltaria para casa imensamente realizado e orgulhoso por ter visto aquele show, mas no bis teve mais: Veio "Mama, I'm Coming Home" que assim como na "Road to Nowhere" chovia muito e todos vibraram; pra mim teve um significado espiritual muito grande, e novamente voltei a me emocionar!
Em alguns cantos estavámos de mãos dadas como que orando ou agradecendo por aquele momento. Não se pode dizer que foi algo normal, havia ali uma energia cósmica e diria até astral que entorpeceu a todos e nos abraçou.
Pra fechar, após pedidos incessantes Ozzy mandou "Paranoid", aí a o bicho pegou! A animação mesmo após uma hora e meia parecia não ter fim; a melodia instigante pedia pulos e empurra-empurra... um digno show de rock n' roll.

Na saída, na anevida Olavo Fontoura, uma mar de fãs espalhados comentando sobre o que havia acontecido ali. Uns ainda bebiam, outros cantavam as músicas do show. A opinião de que faltou "No More Tears" foi bastante ouvida, mas o que foi unânime foi a certeza de que valeu a pena e que modinhas de filhosdaputa
passam, mas o verdadeiro rock n' roll nunca morrerá. Vida longa aos que lá estiveram e fizeram daquela noite inesquecível. Mestre Ozzy: obrigado!

Set list
Bark at the Moon
Let Me Hear You Scream
Mr. Crowley
I Don't Know
Fairies Wear Boots
Suicide Solution
Road to Nowhere
War Pigs
Shot in the Dark
Rat Salad
Iron Man
Killer of Giants
I Don't Want to Change the World
Crazy Train

Bônus:
Mama, I'm Coming Home
Paranoid

sexta-feira, 1 de abril de 2011

9701-gaúcha

- Alô!
- Boa noite, com que eu falo?
- Quer falar com quem?
- Desculpe senhor, meu nome é L. e falo da central de atendimento Banco do Brasil, qual seu nome?

Após um início ríspido, ele se deu conta daquele sotaque. Sim, ela era gaúcha!

- Ah, claro... meu nome é R.
- Bom, o motivo do meu contato senhor R. é que há uma liberação de cartão de crédito para sua conta em nosso sistema, haveria o interesse de sua parte em adquirir um cartão para uso?

Enquanto ela falava, ele simplemente se dedicou a imaginar como seria a "guria" que estava do outro lado da linha oferecendo um produto qualquer, que nem se atentou para o que era, visto que ficou embriagado de prazer com o som e a entonação melodiosa daquela voz feminia.

- Err.. me desculpe, mas não desejo comprar nada no momento.
- Creio que o senhor não compreendeu, mas não se trata de uma venda mas sim de uma liberação de cartão de crédito para o titular da conta, haveria o interesse senhor?

Imaginou se quando morresse a voz da Morte seria como aquela só pra compensar!

- Você fala de onde?
- Central de atendimento Banco do Brasil senhor!
- Sim, mas de que estado? Você é gaúcha não é?
- Sim, estou em Porto Alegre.
- Eu logo percebi pelo seu sotaque, sabia que eu sou fascinado por gaúchas?
- (Risos) Me desculpe senhor, mas não posso entrar em tais assuntos, mas muito obrigada pela elogio!

Com aquele sotaque ele compraria até areia no deserto! Fantasiou mil e uma noites de sexo com L., a gaúcha; ouvindo aquela voz gemer em sua alcova... Tudo bem que não era uma cama nova, mas não faria feio.

- OK. Não quero te complicar, mas não me interesso na sua proposta de cartão. Quer anotar meu telefone? Quando vier aqui pra São Paulo já tem um lugar pra ficar! (risos)
- (Risos) Tenho namorado e acho que ele não iria gostar disso, mas se um dia eu for pra São Paulo talvez eu te ligue, esqueceu que tenho seu telefone? Fui eu quem te ligou...
- Verdade! Vou esperar, quem sabe um dia você me propõe uma cerveja ao invés de um cartão de crédito!
- Quem sabe um dia...

(Riram juntos, e há quem diga que houve ali uma cumplicidade amante)

- Eu sempre detestei ligações de telemarketing, mas gostei de você; e essa tua voz...
- (Risos) Devo desligar, ainda tenho muitos clientes para ligar. Obrigada pela atenção e tenha um boa noite.
- Tenha uma ótima noite L., beijos..
- Beijos... (Risos)

Desligou, recostou a cabeça no sofá e ficou imaginado como seria L. : magrinha, seios fartos, saberia beber tequila e cerveja? Nunca Soube.
Passou a mão no jornal do domingo anterior, foi até os anúncios de acompanhantes onde achou "Bia Gaúcha - branquinha, olhos claros, loira estilo italianinha sem frescura, venha conferir!"
No mesmo instante solene ligou. Atendeu uma voz feminina muito bonita, mas não tinha o sotaque que procurava embora jurasse que fosse daquelas bandas ou pampas do sul do país.
Não se abateu, marcou a hora e o local e até levou uma garrafa de José Cuervo. Fez de conta que Bia era L. Não era, mas valeu a pena...