quarta-feira, 25 de maio de 2011

Atritos

Ela chorava como se fosse como uma criança...

- Porquê chora mew?
- Eu vi ele dando em cima de você!
- Ele não fez nada além de me pagar uma dose de tequila.
- Tequila?
- Sim, mas o mané não pediu sal nem limão...
- Ainda sim foi uma dose de tequila!
- Sem drama, você sabe muito bem que fomos só pra curtir nós duas.
- Só você e eu!
- Então porra, não tenho culpa se aquele cara deu em cima de mim.
- Mas você gostou!
- Não! Já te disse um milhão de vezes...
- Não acredito!
- Que merda... ainda tem aí aquela... pura?
- Usamos tudo no banheiro, esqueceu?
- ...

Olhou no fundo dos olhos dela.

- Depois de você as outras e os outros são só eles... e nada de mais!
- ( rosto molhado de lágrimas e sufocado de dúvidas )

Elas se abraçaram e selaram a noite de sábado com um beijo transcendental!

domingo, 22 de maio de 2011

Olhos de ressaca

Era sábado, bairro da Mooca, São Paulo capital, 08:30PM... ela apareceu mais linda do que de costume:

- Você tem olhos de ressaca, assim como a Capitú na história de Dom Casmurro!
- Olhos de cigana oblíqua e dissimulada? Haha... Nunca entendi o que o Machado de Assis quis dizer com "olhos de ressaca".
- Olhe no espelho e você entenderá.
- Não vejo nada, só meus olhos azuis...
- Azul da cor do mar, que quando está de ressaca leva tudo e todos.
- (Risos) Você é louco!
- Fiz um blues pra você...
- Sério? Toca aí, quero ouvir!
- Quero tocar olhando pro mar.
- Aí não rola pô, estamos há quilômetros da praia.

Ele afastou o cabelo dela suavemente, tirando-o da frente dos olhos, como se cometesse um delito... olhou no fundo do mar. Se perdeu. E tocou.

Aparências 2

Quando Dona Helena empurrou com o pé a última caixa da mudança pra fora do seu apartamento, a Jéssica do 507 saía com a última caixa da mudança do apartamento dela nos braços.
- Não tá pesada não?
- Um pouco, mas é a última, dá pra carregar.
- O Seu Jonas tá te ajudando também? Vi umas caixas lá embaixo.
- Tá sim, ele tá colocando no caminhãozinho da mudança pra mim.
- Hum…
- Tá indo pra onde?
- Pro térreo.
- Não, pra qual cidade?
- Aqui mesmo, só estou mudando de bairro. E você?
- São Paulo.
- Segura a porta do elevador pra mim?
- Claro.
Eu não sei o motivo, mas Dona Helena sempre achou que a Jéssica fosse garota de programa. Ela era jovem, loira, tinha um sorriso bonito, olhos claros, magra e com seios fartos. Nunca viu ela com um namorado fixo, sempre com uns caras diferentes a cada final de semana. Essa mudança para São Paulo só poderia ser uma coisa: emprego na Rua Augusta.
- Tá indo a trabalho?
- É, o dinheiro está em São Paulo, né Dona Helena.
- É… o dinheiro…
- E porque a senhora está se mudando?
- Vou morar mais perto da igreja, o Alfredo encontrou uma casinha boa.
- Que bom.
- Sim, vou poder ir mais às missas.
- A senhora é bem religiosa, né?
- Sigo os conselhos do Pai.
- Do pai de quem?
- Do Pai, Deus.
- Ah, sim, Deus. Claro! Chegamos.
- Bem, foi um prazer encontrá-la, sucesso em São Paulo!
- Obrigada. Boa… missa pra senhora.
- Obrigada.
E cada uma tomou o seu rumo. Assim que os moços da transportadora descarregaram tudo, Dona Helena começou a abrir as caixas. Sua surpresa foi grande ao descobrir uma caixa trocada. Nela haviam livros de direito penal, leis, fotocópias, cadernos e um quadro com um diploma de advogada.
Já em São Paulo Jéssica ria muito com as amigas após abrir uma caixa que veio trocada. Nela haviam uns copos embrulhados em jornais, talheres, jarras, potes de plástico e um pênis de borracha com um terço enrolado na base embrulhados em vários panos de prato.
O fato é que as duas ficaram muito surpresas com as vizinhas que tinham...

*Retirado do JB